Proposta para gasoduto entre Argentina e Brasil

O Paraguai está avançando em suas conversas com empresas de energia e autoridades de alto escalão da Argentina e do Brasil sobre um possível gasoduto de 1,5 bilhão de dólares para ligar os três países, conforme informado por fontes do governo paraguaio e brasileiro.

20240507-gas-argentina-1024x576-1-300x169 Proposta para gasoduto entre Argentina e Brasil
Gasoduto em construção na Argentina para transporte de gás do campo de Vaca Muerta
26/04/2023

O plano, revelado em detalhes pela primeira vez, busca competir com uma proposta da Bolívia para reutilizar os gasodutos existentes para transportar gás argentino para o Brasil. Se um desses projetos se concretizar, representaria uma mudança significativa nos fluxos de energia da região.

“Mira-se a assinatura de um memorando de entendimento ao nível presidencial (para o gasoduto) em junho”, afirmou Mauricio Bejarano, vice-ministro de Minas e Energia do Paraguai à Reuters. “Há um apoio geral ao projeto.”

À medida que a diminuição da produção de gás na Bolívia força o Brasil a buscar outras fontes, a possibilidade de gás vindo da próspera região de gás de xisto de Vaca Muerta, na Argentina, através do Chaco paraguaio, está se tornando mais viável, afirmou Rodrigo Maluff, vice-ministro de Investimentos do Paraguai. Esse empreendimento implicaria um investimento estimado entre 1,2 bilhão e 1,5 bilhão de dólares, com participação do setor privado.

Autoridades e empresas da Argentina e do Brasil planejaram com a Bolívia desde o ano passado o que consideraria ser a opção mais rápida e econômica para transportar gás de Vaca Muerta para o norte da região, o que incluiria a reversão do fluxo da rede de gasodutos boliviana.

Nos últimos meses, representantes paraguaios que buscam investidores em São Paulo se reuniram com o ministro de Minas e Energia do Brasil em Assunção, além de autoridades argentinas. Segundo Maluff, da Tecpetrol, que detém cerca de 15% da produção de gás de xisto na Argentina, e a Pluspetrol, sediada em Buenos Aires, discutiram essas últimas negociações.

As empresas não responderam aos pedidos de comentário.

Os parágrafos afirmaram que a capacidade diária inicial do gasoduto é projetada em 15 milhões de metros cúbicos na primeira fase.

Alexandre Silveira, ministro brasileiro de Minas e Energia, que visitou Assunção em abril, informou à Reuters que estava ciente dos planos do Paraguai e expressou apoio, mas destacou que mais análises são úteis.

“Estamos oferecendo uma reunião com o setor privado para uma análise mais aprofundada… dessa perspectiva”, disse Silveira.

Os planos compartilhados indicam que o novo gasoduto percorreu 110 quilômetros de Campos Duran, no norte da Argentina, até a fronteira com o Paraguai, atravessando outros 530 quilômetros de terras áridas e planas no Chaco paraguaio antes de chegar ao Brasil.

 

Um trecho adicional de 400 km de gasoduto conectaria Carmelo Peralta, na fronteira entre Paraguai e Brasil, ao Mato Grosso do Sul e, potencialmente, se integraria à linha Gasbol existente até São Paulo, a maior cidade do Brasil.

Os governos da Bolívia e da Argentina não deram retorno aos pedidos de comentários.

A Bolívia tem sido um fornecedor crucial de gás para o Brasil e a Argentina por anos, mas o declínio em sua produção e o potencial crescimento da região de shale de Vaca Muerta estão prestes a alterar a dinâmica do fluxo energético.

Silveira observou que as duas propostas não são exclusivas uma da outra: “As duas rotas não são mutuamente excludentes”, afirmou. A alternativa do Paraguai ajudaria o Brasil a suprir energia para a fábrica de fertilizantes em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, acrescentou.

O Brasil deixou claro que o gás argentino de Vaca Muerta – a segunda maior formação de gás de shale do mundo e a quarta maior de óleo de shale – será necessário para equilibrar o fornecimento, devido ao declínio na produção de gás da Bolívia.

“O Brasil representa a demanda”, comentou o especialista em energia Victorio Oxilia, professor da Universidade Nacional de Assunção. “Sem o mercado brasileiro, nada se concretiza, então a posição que o país assume com um projeto é crucial.”

Share this content:

  • Related Posts

    Minas terá mais prazo para aderir a regime de recuperação fiscal

    O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), estendeu até 1º de agosto o prazo para Minas Gerais aderir ao regime de recuperação fiscal do governo federal. Essa extensão…

    Trump recebe apoio dos ex-rivais Haley e DeSantis

    DeSantis, governador conservador da Flórida cuja campanha fracassou no início do ano, ganhou uma recepção calorosa da multidão ao atacar Biden Os antigos rivais de Donald Trump na corrida presidencial…

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    Você perdeu

    Minas terá mais prazo para aderir a regime de recuperação fiscal

    • julho 17, 2024
    • 0
    Minas terá mais prazo para aderir a regime de recuperação fiscal

    Trump recebe apoio dos ex-rivais Haley e DeSantis

    • julho 17, 2024
    • 0
    Trump recebe apoio dos ex-rivais Haley e DeSantis

    IGP-10 sobe 0,45% em julho, abaixo do esperado, diz FGV

    • julho 17, 2024
    • 0
    IGP-10 sobe 0,45% em julho, abaixo do esperado, diz FGV

    Mega-sena acumula novamente e prêmio chega a R$ 47 milhões

    • julho 17, 2024
    • 0
    Mega-sena acumula novamente e prêmio chega a R$ 47 milhões

    Motoristas com problema de visão cresce quase 80% em 10 anos

    • julho 16, 2024
    • 0
    Motoristas com problema de visão cresce quase 80% em 10 anos

    Programa MCMV chega a cidades com até 50 mil pessoas

    • julho 16, 2024
    • 0
    Programa MCMV chega a cidades com até 50 mil pessoas